• David Hume

    Como texto de amostra para realizar alguns testes, escolhi os dois primeiros parágrafos do meu muito lido e apreciado Investigações sobre o entendimento humano, do filósofo escocês David Hume (1711-1776). Melhor do que o decantado Lorem ipsum.

    O trecho das Investigações, com título, autor, tradutor e tudo o mais é o seguinte:

    Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral

    David Hume

    Tradução de José Oscar de Almeida Marques

    Seção I

    Das diferentes espécies de filosofia

    1 A filosofia moral, ou ciência da natureza humana, pode ser tratada de duas maneiras diferentes, cada uma delas possuidora de um mérito peculiar e capaz de contribuir para o entretenimento, instrução e reforma da humanidade. A primeira considera o homem principalmente como nascido para a ação e como influenciado em suas atitudes pelo gosto e pelo sentimento, perseguindo um objeto e evitando outro, de acordo com o valor que esses objetos parecem possuir e segundo a perspectiva em que se apresentam. Como a virtude, dentre todos os objetos, é o que se admite ser o mais valioso, os filósofos dessa primeira espécie a pintam com as cores mais agradáveis, tomando de empréstimo toda a ajuda da poesia e da eloquência, e tratando seu assunto de uma maneira simples e acessível, como é mais adequado para agradar a imaginação e cativar os afetos. Esses filósofos selecionam as observações e exemplos mais marcantes da vida cotidiana, situam caracteres opostos em um contraste apropriado e, atraindo-nos para as trilhas da virtude com cenas de glória e felicidade, guiam nossos passos nessas trilhas por meio dos princípios mais confiáveis e dos mais ilustres exemplos. Eles nos fazem sentir a diferença entre vício e virtude, excitam e regulam nossos sentimentos e, assim, basta-lhes que sejam capazes de inclinar nossos corações para o amor à probidade e à verdadeira honra para já considerarem como plenamente atingido o fim de todos os seus esforços.

    2 Filósofos da segunda espécie veem no homem antes um ser dotado de razão do que um ser ativo, e dirigem seus esforços mais à formação de seu entendimento do que ao cultivo de seus costumes. Tomam a natureza humana como um objeto de especulação e submetem-na a um exame meticuloso a fim de discernir os princípios que regulam nosso entendimento, excitam nossos sentimentos e fazem-nos aprovar ou condenar algum objeto, ação ou conduta particulares. Parece-lhes vergonhoso para toda a literatura que a filosofia não tenha até agora estabelecido, para além de toda controvérsia, os fundamentos da moral, do raciocínio e da crítica, e que fale interminavelmente sobre verdade e falsidade, vício e virtude, beleza e deformidade, sem ser capaz de determinar a origem dessas distinções. Ao empreender essa árdua tarefa, eles não se deixam dissuadir por quaisquer dificuldades, mas, partindo de casos particulares em direção a princípios gerais, vão estendendo suas investigações para princípios ainda mais gerais, não se dando por satisfeitos até que atinjam aqueles princípios originais que, em qualquer ciência, impõem um limite a toda curiosidade humana. Suas especulações parecem abstratas e até ininteligíveis aos leitores comuns, mas a aprovação que almejam é a dos instruídos e dos sábios, e julgam-se suficientemente recompensados pelo esforço de toda uma vida se forem capazes de descobrir algumas verdades ocultas que possam contribuir para a instrução da posteridade.

    Relendo esses dois parágrafos, mais uma vez, percebo que talvez seria melhor continuar lendo o resto do livro, diretamente no original inglês, que é maravilhoso, e largar este projeto de reestudar LaTeX… Afinal, o que interessa mais? O conteúdo ou sua expressão física?

    Tenho que pensar melhor nisso. Por ora, vou continuar no LaTeX.

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